domingo, 17 de abril de 2011

Cultura é...

... assistir à 5ª edição dos DIAS DA MÚSICA EM BELÉM, que decorreram nos dias 15, 16 e 17 no CCB, com o título Da Europa ao Novo Mundo. O "Concerto de Abertura", como sempre no Grande Auditório, contou com a presença da Orquestra Filarmónica de Brno, da República Checa, e do pianista Jorge Moyano. Com uma interpretação que não entusiasmou o público presente, a orquestra interpretou Paraísos Artificiais, de Luis de Freitas Branco (1890-1955). O concerto prosseguiu com Jorge Moyano a interpretar Rhapsody in Blue, de George Gershwin (1898-1937), que o público aplaudiu calorosamente devido à sua magnífica interpretação. Para encerrar o concerto a Orquestra de Brno, interpretou a Sinfonia nº 9, em Mi menor, op. 95 "Do Novo Mundo", de Antonín Dvorák (1841-1904), compositor da Boémia. Nesta obra a orquestra já se apresentou em melhor nível, tendo o público retribuido com uma grande ovação.
No segundo dia, assisti a uma belíssima interpretação da pianista argentina Karin Lechner, em obras do espanhol Isaac Albéniz (1860-1909), de George Gershwin, do russo Sergei Rachmaninoff (1873-1943), do venezuelano Juan Bautista Plaza (1898-1965), e dos argentinos Carlos Gustavino (1912-2000) e Alberto Ginastera (1916-1983). A interpretar obras do compositor russo Alexander Scriabin (1872-1915) e do basco Maurice Ravel (1875-1937), fui ouvir a desconhecida pianista coreana H.J.Lim, uma agradável surpresa para quem assistiu ao recital. Depois da música clássica, para variar, fui ouvir os Dixie Gang, grupo português com o jazz típico de New Orleans. De novo o piano com uma boa actuação do jovém pianista espanhol Javier Perianes, em obras de Manuel de Falla (1876-1946). Continuando a minha maratona de concertos, tive o previlégio de assistir a uma interpretação espectacular dos pianistas Mário Laginha e Bernardo Sassetti a improvisaram sobre temas dos norte-americanos Duke Ellington (1899-1974), George Gershwin e Johnny Green (1908-1989). Este concerto terminou com o público em delírio. Para encerrar os concertos do dia, no Grande Auditório, fui ouvir a The Duke Ellington Orchestra, liderada por Paul Mercer, neto do lendário compositor norte-americano, tocar com uma energia contagiante, temas do compositor que deu o nome à orquestra, entre eles os famosos Take the A Train, Caravan e Mood Indigo. Um final de dia em beleza.
No último destes três dias de música, comecei por ouvir os irmãos Karin Lechner e Sérgio Tiempo, interpretar obras do russo Piotr Ilich Tchaikovsky (1840-1893), dos argentinos Astor Piazzolla (1921-1992) e Pablo Ziegler (1944), e de Maurice Ravel, como em outras ocasiões que os ouvi, boa prestação destes belíssimos pianistas. Curiosidade, ela nasceu em Buenos Aires, Argentina, e ele em Caracas, na Venezuela. De novo a Argentina, desta vez com a História do Tango, com um grupo formado por Marcelo Nisinman, bandoneón, Chen Halevi, clarinete, Tiago Pinto-Ribeiro, contrabaixo e Rosa Maria Barrantes, piano, a interpretarem Carlos Gardel/Le Pera/Battistella/Lattés, Astor Piazzolla, Marcelo Nisinman e Pedro Datta (1887-1934), concerto muito interessante. Novo salto para outro género de música, os blues, com o virtuoso guitarrista inglês Martin Simpson. Para fechar estes DIAS DA MÚSICA em beleza, assisti ao "Concerto de Encerramento", no Grande Auditório, que contou com o Coro Sinfónico Lisboa Cantat e a Orquestra Sinfónica Metropolitana, sobre a direcção de Cesário Costa, a interpretarem o poema sinfónico de Richard Strauss (1864-1949), Don Juan, op.20, e uma versão reduzida da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, onde não podia faltar a famosa canção Summertime. Em 2012 o tema será A voz humana: O canto através dos tempos.

































sábado, 2 de abril de 2011

Cultura é...

... ir ao Aud.Mun.Ruy de Carvalho assistir ao "Concerto de Primavera" da O.C.C.O.. Neste concerto, a orquestra dirigida pelo maestro Nikolay Lalov interpretou obras de Jean Sibelius (1865-1957), Gabriel Fauré (1845-1924), Josef Suk (1874-1935) e Antonin Dvorák (1841-1904). Celebrando a Primavera, o concerto teve como denominador comum o facto de todas as obras, excepto a de Dvorák, serem muito curtas. O concerto começou com o Andante Festivo, do compositor finlandês Sibelius. Obra escrita em 1922, só foi concluida em 1938. Segundo se pensa, até à sua estreia em 1939, sofreu várias alterações, uma delas em 1929 a quando do casamento de uma sobrinha do compositor, para ser interpretada por dois quartetos de cordas. Uma peça muito bonita. Do francês Gabriel Fauré, ouvimos o Nocturno Op. 57, escrito em 1889. Muito bem interpretado pela orquestra. Fauré, além de compositor, foi um ilustre organista, maestro de coro, pianista, professor de composição e director de orquestra. Este compositor francês, apesar da surdez que o afectou na fase final da sua vida, ainda compôs a suite "Pelléas et Mélisande" e outros trechos instrumentais muito bonitos. Do compositor e violinista Josef Suk, a O.C.C.O. interpretou Meditação Op. 35, escrita em 1914. Uma das poucas composições para música de câmara que este compositor checo escreveu. Suk sofreu uma grande influência de Dvorák, do qual foi aluno e genro, notando-se nas suas primeiras composições essa influência. Ao contrário de outros compositores checos, a música folclórica checa pouco influênciou as obras de Suk. Como instrumentista, Josef Suk foi 2º violino do Bohemian String Quartet, entre 1892 e 1933. Para terminar este belíssimo concerto, de outro compositor checo, Dvorák, ouvimos a Serenata para cordas Op. 22. Escrita em 1875, esta suite, com cinco andamentos, difícilmente se esquece após a sua 1ª audição. Uma serenata muito bonita. As obras mais famosas deste compositor checo do período romântico são as Danças Eslavas e a Sinfonia nº 9 "Do novo Mundo".

domingo, 20 de março de 2011

Cultura é...

... assistir no Grande Auditório do CCB, à oratória "As Estações", do austríaco Joseph Haydn (1732-1809). Esta obra, que Haydn levou três anos a compôr, entre 1798 e 1801, foi interpretada pela Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Coro Sinfónico Lisboa Cantat e os solistas, Marlis Petersen (soprano), Mark Padmore (tenor) e Dietrich Henschel (baixo). Esta obra, que não conhecia, e gostei imenso, é muito bonita. Leva-nos pelo deslumbramento da Primavera, pelo calor do Verão, pelas colheitas de Outono e pelos rigores do Inverno. Devido à sua extensão, cerca de três horas, por isso ser poucas vezes executada ao vivo, os interpretes pediram para haver um pequeno intervalo. Esta obra não teve tanto sucesso como A Criação, não pela música, pois o génio de Haydn continua presente nesta obra, mas pelo libreto, pois os temas versados, o dia a dia, não se adaptam a uma oratória. Belíssimo concerto. Magníficos solistas, o Lisboa Cantat muito bem e a OML com a Ana Pereira (concertino) em grande plano. Com o público a aplaudir de pé, os interpretes tiveram de vir ao palco três vezes.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Cultura é...

... assistir no Aud.Mun.Ruy de Carvalho, a um recital de Pedro Burmester. Neste recital, que teve a participação do violoncelista José Augusto Pereira de Sousa, foram interpretadas obras de Robert Schumann (1810-1856) e Ludwig van Beethoven (1770-1827). A primeira parte do recital começou com Pedro Burmester e José Augusto Pereira de Sousa a interpretaram as 3 peças, da Fantasia Op. 73, de Schumann. Compostas em dois dias, no ano de 1849, para piano e clarinete, Schumann determinou que o clarinete podia ser substituido por violino ou violocenlo. Seguiu-se a Sonata para piano e violoncelo, em Lá maior, Op. 69. Esta obra foi escrita por Beethoven em 1808, o seu ano mais produtivo a nível de composição. Nesse ano escreveu o Concerto para violino, os dois Trios para piano e acabou as 5ª e 6ª Sinfonias. A segunda parte do recital foi totalmente preenchida com os Estudos Sinfónicos Op. 13, de Schumann, magníficamente interpretados por Pedro Burmester. Escritos em 1834, são das obras mais famosas deste compositor e pianista alemão do Romântismo. Devido aos aplausos que o público, que esgotou o auditório, lhe tributou, ele e o violoncelista, regressaram ao palco para interpretaram a bonita Abertura do Lago dos Cisnes, de Tchaikovsy. Este recital insere-se no regresso de Pedro Burmester aos palcos, após a sua passagem como director artistico da CdM e promoção do trabalho com obras de Schumann que editou em 2010.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Cultura é...

... assistir no Auditório do Museu do Oriente, ao concerto de música de câmara intitulado "Quarteto com fagote", com Solistas da Metropolitana. Este quinteto composto por dois violinos, uma viola, um violoncelo e um fagote, interpretou obras de dois compositores pouco conhecidos, o checo Antonin Reicha (1770-1836) e o alemão Johann Evangelist Brandl (1760-1837). O concerto começou com o Quinteto em Si bemol maior, de Reicha. Embora tivesse escrito quintetos para instrumentos de sopro, óperas, sinfonias e peças para piano, ensinado no Conservatório de Paris e pertencido à Academia de Belas-Artes, Reicha é um compositor práticamente desconhecido do grande público. Faleceu em Paris, relativamente novo, com 66 anos. Do compositor e violinista alemão Brandl, também ele pouco conhecido, ouvimos o Quinteto em Fá maior, Op. 52/2. Nesta obra os instrumentos parecem que brincam entre eles, por isso uma obra muito alegre. Quinteto escrito para ser tocado por um violino, duas violas, um violoncelo e o fagote, neste concerto uma das violas foi substituida por um violino. Segundo consta, Brandl começou a receber lições musicais com apenas 6 anos. Todas as obras deste compositor têm no fagote o instrumento de liderança. Foi considerado pelos compositores seus contemporâneos como o principal e mais respeitado compositor alemão dessa época.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cultura é...

... assistir no CCB a três concertos do Ciclo A HORA DA ALMA. Este ciclo assinala o 80º aniversário de Sofia Gubaidulina, compositora russa, de etnía tártara. No dia 6/02, comecei por assistir no Grande Auditório ao concerto de "Geir Draugsvoll e OCP". Neste concerto ouvimos obras de Johann Sebastian Bach (1685-1750), Sofia Gubaidulina (1931) e Ludwig van Beethoven (1770-1827). De Bach, um ensemble dirigido pela cravista Ana Mafalda Castro, tocou o Concerto Brandeburguês nº 3, em Sol maior, BWV 1048, um dos seis concertos com este título, que o compositor escreveu entre 1718 e 1721, e dedicou ao margrave (marquês) Christian Ludwig von Brandenburg. Os Concertos de Brandenburg são considerados como expoentes da música barroca, por isso estarem entre os clássicos mais populares. Para finalizar a primeira parte do concerto, da homenageada, ouvimos Fachwerk, concerto para bayan (acordeão russo) e orquestra, peça estreada em 2009. Magnífica interpretação de Geir Draugsvoll e da O.C.P., dirigida por Pedro Carneiro. Esta obra foi dedicada pela compositora a Draugsvoll, considerado o mestre do bayan. Após o intervalo, a O.C.P. interpretou a Sinfonia nº 5, em Dó menor, Op. 67, de Beethoven, obra escrita entre 1804 e 1808 . Esta obra-mestra, escrita quase um século depois dos Concertos de Brandenburg, tem sido classificada como romântica, trágica, violenta, caótica e muito mais. É considerada um "monumento" da criação artistíca. Ao ouvir no mesmo concerto estas obras, de Bach e Beethoven, não podemos deixar de notar, por muito diferentes que as obras pareçam, que há algo em comum. No concerto seguinte, em 9/02, com o título "...para Gubaidulina", o DSCH-Schostakovich Ensemble e Sofia Gubaidulina, interpretaram obras de Anton Webern (1883-1945), Dmitri Schostakovich (1906-1975) e da própria Gubaidulina (1931). O concerto começou com o DSCH-Schostakovich Ensemble a interpretar do austríaco Webern, Seis Bagatelas, Op. 9, para quarteto de cordas, peças escritas em 1913. Este compositor fez parte, com Schoenberg, de quem foi aluno, e Alban Berg, da chamada Segunda Escola de Viena. Webern foi morto, em Salzburg, por um soldado norte americano durante a invasão dos aliados, em 1945. Antes do intervalo, de Schostakovich, ouvimos o Quinteto com piano, em Sol menor, Op.57. Peça escrita em 1940, foi estreada no mesmo ano, pelo Quarteto Beethoven de Moscovo, com o compositor ao piano. Após o intervalo, ouvimos três peças de Sofia Gubaidulina, a primeira, Reflections on the theme B-A-C-H, estreada em 2002, foi interpretada por um quarteto de cordas. O tema de B-A-C-H é o terceiro tema da última fuga da obra Arte da fuga, BWV 1080, de Bach. A segunda obra, Dancer on a tightrope (O funâmbulo), foi interpretada por Tatiana Samouil, no violino, e Filipe Pinto-Ribeiro, no piano. Nesta obra, o pianista começa a tocar com um copo sobre as cordas do piano, que nos transmite um som misterioso e inquietante. O terceiro e último tema, On the Edge of Abyss (À beira do abismo), foi tocado por 2 aquafones e 7 violoncelistas. Obra com um ambiente estranho e misterioso devido aos aquafones, tocados por Filipe Pinto-Ribeiro e Gubaidulina. Sempre que está presente na apresentação desta obra, como foi o caso, a compositora toca um dos aquafones. O aquafone é um ressonador cheio de água, com varetas de bronze afinadas, que são friccionadas por um arco, e ao mesmo tempo que é agitado, produz um som estranho, como se vozes de baleias se ouvissem ao longe, por isso um instrumento de sonoridades peculiares. Cada aquafone, que já chamaram de "sintetizador acústico", é peça única, pois o seu inventor, Richard Waters, um artista americano, só constroi por encomenda, gravando nele a data da sua construção. O "Concerto de Encerramento", realizado no dia 12/02, foi preenchido com obras de Ludwig van Beethoven (1770-1827) e Sofia Gubaidulina (1931). Neste concerto, a Orquestra Sinfónica Metropolitana e o pianista Filipe Pinto-Ribeiro, começaram por tocar, a Sinfonia nº 2, em Ré maior, Op. 36, de Beethoven. Com quatro andamentos, esta obra escrita entre 1801 e 1802, é muitas vezes designada como uma obra alegre e ligeira, dentro do classicismo de Haydn e Mozart. Ainda antes do intervalo, a orquestra e o pianista, interpretaram de Gubaidulina, o Concerto para piano e orquestra de câmara, Introitus, escrito em 1978. O seu título, refere-se a uma parte da liturgia da missa, é o primeiro duma série de obras com conteúdos religiosos. O canto do Introitus na missa é cantado à entrada dos padres e acólitos. Após o intervalo, e para encerrar este concerto, também de Gubaidulina, ouvimos a Sinfonia em doze andamentos, Stimmen... Verstummen... (Vozes... emudecem... ). As palavras que dão titúlo a esta composição, escrita em 1986, foram tiradas de um poema do poeta austríaco Francisco Tanzer. De todas as obras de Sofia Gubaidulina que ouvi, esta foi a que menos gostei. Gubaidulina é talvez a primeira mulher compositora a alcançar um estatuto que só os seus colegas masculinos atingiam devido ao reconhecimento de criadora essencial no começo deste século. A sua música tem a particularidade de captar quem a ouve devido à mistura de influências eslavas, tártaras, judaicas e ortodoxas russas. Neste ciclo foram tocadas obras de Bach, Beethoven Webern e Schostakovich, compositores por quem Gubaidulina nutre uma grande admiração.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cultura é...

... ir ao Aud.Mun.Ruy de Carvalho assistir ao concerto "M de Mozart" com o pianista croata Ratimir Martinovic e a O.C.C.O., hoje dirigida pelo maestro húngaro Sandor Gyudi. Neste concerto foram tocadas obras de Leopold Mozart (1719-1787) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). O concerto começou com a Sinfonia em Ré maior "Casamento camponês", de Leopold Mozart, compositor, violinista, pedagogo alemão, e pai do famoso Wolfgang Amadeus Mozart. Como a maioria das suas composições, esta sinfonia é uma obra quase desconhecida do público. Entre as sinfonias de Leopold Mozart, há uma que durante muito tempo foi considerada da autoria de Haydn, a Toy Symphony (Sinfonia brinquedo). Foi Leopold, quando descobriu que Wolfgang, com cinco anos, era um menino prodígio, o levou pela Europa para mostar a reis, príncipes e ao clero do que ele era capaz. Seguiram-se duas belíssimas obras de Mozart, um concerto para piano e uma sinfonia. O Concerto para piano em Lá maior nº 12, K 414, escrito em 1782, foi um dos três primeiros concertos de Viena que Mozart escreveu. Interpretado pelo pianista Ratimir Martinovic, e pela O.C.C.O., gostei muito, não só da obra como da interpretação da orquestra e do pianista. Este concerto, escrito para orquestra de câmara, também pode ser interpretada por um quarteto de cordas e piano. Para terminar a O.C.C.O. tocou a Sinfonia nº 33 em Si bemol maior, K 319, escrita em 1779. Segundo consta, esta obra foi acabada em Salzburgo, depois da longa viagem que Mozart efectuou de Mannhein a Paris. Inicialmente com três andamentos, em 1782, em Viena, Mozart escreveu mais um, o Minueto. Este andamento passou a ser o 3º dos quatro que a obra tem. Duas obras muito bonitas de Mozart. Mais um concerto em que a O.C.C.O. mostrou a mais valia dos seus elementos.